domingo, 27 de junho de 2010

Peregrinação - Aisha



Sigo nas linhas que o sonho rabisca e desenho minha vida com a arte que corre nas veias do artista e que dá cor ao sorriso da gente.

Sou criança inocente, miúda figura humanizada de forma ainda indefinida, alma entregue ao corpo em ritual de prazer.

E no jogo sigo livre, peça em tabuleiro de xadrez. Ora derrubando torres, ora vestindo-me da rainha e como tal, desfilo entre os raios de um sol maior que da tom a composição de existir.

Opostos encontrando-se por minutos repetem-se e repetem-se e repetem-se... Não será o desencontro o motivo de ainda querer amar?

Mas amar vai além do querer, além mar. É a busca sem a certeza do encontro, Santo Graal pregado por caçadores do eterno que nunca retornaram nem tão pouco traçaram um caminho, uma rota que fosse para iluminar as sombras de uma noite. E na noite espalha sutilmente seu cheiro, penetrando assim os poros do mundo e seguindo pelos segredos que um corpo frio não conta mais.

Mas segue na tentativa de apenas amar. Amar como se fosse a última chance, o último dia de todos que ainda haverão de despertar, mas no acordar de mais um sonho, lembra-se dos cantos ainda escuros, das esquinas ainda por dobrar na tentativa de descobrir mais um caminho a trilhar.

Exausto, aceita a porta que se abre a frente e de joelhos postos ao chão, levanta os olhos e na expressão humilde que sempre dirigiu sua vida, faz sua prece a Virgem que do alto lhe olha a alma. Com mãos tremulas, toca seu manto com a fé do peregrino que sai da terra que o pariu e segue buscando a remissão dos inúmeros atos que contradizem sua fé.

É de fé a reza do peregrino, assim como também tem fé o que busca a essência da vida na conjugação do verbo amar.


*Aisha*

domingo, 13 de junho de 2010

Borboletinha - Aisha



Borboletinha sai voando

sem saber pra onde ir,

dança bela de quando em quando

sem ter medo de cair.


Voa, voa borboletinha,

espalhando cores pelo jardim

entre as flores tão quietinhas,

margaridas, rosas e jasmins.


Voa borboletinha, tão dona de si,

ganha o céu e o sol que faz sorrir,

voa espalhando a alegria que li

nas linhas do tempo que não parece existir.


*Aisha*

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Corre, cutia! - Aisha



“Corre, cutia!”

E a cutia correu

dia e noite, noite e dia

e cansada adormeceu.


“Corre, cutia!”

No seu sonho gritava

e os gritos que ouvia

de pavor, arrepiava.


“Corre, cutia!”

A cutia / gente mandava

e a gente / cutia corria

entre os sonhos que sonhava.


“Corre, cutia!”

E a cutia correu,

sonhando no novo dia,

das corridas se esqueceu.


*Aisha*

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Conto contas - Aisha

Trago contas,

monto e conto

na conta dos dedos

no conto dos sonhos

e os medos,

desconto.


Conto e aumento

o reconto das balas

que contam do doce

que cala e fala

no canto da sala

onde o canto

é o ponto.


Conto meu conto

nas contas que conto

e que ponto a ponto,

contratempo, contraponto,

aumentam um ponto

nas contas que monto

e conto.


*Aisha*

terça-feira, 1 de junho de 2010

Abelhinha - Aisha



A abelha produz o mel

para alimentar a rainha

sem saber que o seu Léo

pegou o mel que a colméia tinha


Pobre da abelhinha

que trabalha noite e dia,

tudo para alimentar a rainha

que seu trabalho assistia.


Mas a abelhinha sabe bem

da importância da rainha,

é ela que a colméia mantém,

pois traz novas abelhinhas.


E a abelhinha muito esperta

vai cumprindo sua missão

toda hora é hora certa,

fazer mel é sua paixão.


*Aisha*