terça-feira, 27 de abril de 2010

O sorvete - Aisha


Meu sorvete derreteu

lá no meio da pracinha,

o sorvete que o pai deu...

Que sabor o sorvete tinha?


Sei que era de limão,

limão com o doce que o doce tinha,

não aguentou o sol do verão

que se estendeu pela pracinha.


Que tristeza, quanto desgosto...

Como isso me aconteceu?

Nem pude sentir o gosto

do sorvete que o pai deu.


*Aisha*

segunda-feira, 26 de abril de 2010

O fantasma Pentamofeus - Aisha



Pentamofeus era um fantasma!

Morto há milhares de anos, Pentamofeus era um fantasma solitário porque, embora fosse um fantasma, morria de medo de fantasmas. É estranho, mas é verdade! Fato é que, viver, ou melhor, vagar pelo pós vida só, auxiliou Pentamofeus a ser um fantasma até que bom. Ele não era do tipo de fazer maldades ou arrastar correntes ou assustar as pessoas, até mesmo porque se ele tentasse assustar alguém, o primeiro a sair correndo seria ele mesmo, devido ao pavor que tinha de fantasmas.

Logo que Pentamofeus se transformou em fantasma, isso é, morreu - não sei se você sabe, mas para virar fantasma não basta morrer, é preciso passar um tempo primeiro numa sala preparatória onde tudo é muito branco, mas tão branco que chega a ofuscar a visão e, já que morto não enxerga, para eles até que é bom um estimulo assim forte... Então, é preciso passar um tempo nesta sala onde não tem nada, apenas essa luz fortíssima e também onde os pré-fantasmas aprendem a atravessar as paredes, afinal, não há morto que agüente ficar tanto tempo assim num lugar onde não há nada e nem nada para fazer, só com uma luz ofuscando a visão, ai no desespero eles passam toda e qualquer parede e, se passar e continuar fantasma, assim, daqueles transparentes sem nem carregar a poeirinha que tem no meio da parede, ah! Então pronto, já ganham a carteirinha (também transparente) de fantasmas - bem, continuando, logo que Pentamofeus se transformou em fantasma e ganhou sua carteirinha ele quase morreu de novo, tal foi o susto que levou ao ver ao seu redor um montão de fantasmas festejando a etapa vencida. Todos queriam cumprimentá-lo e estavam fazendo uma festa quando nosso amigo teve um surto de pânico e quase morreu de novo. Não podemos esquecer que Pentamofeus estava iniciando nessa fase de fantasma no pós morte, e, portanto, nunca havia visto fantasmas, apenas morria de medo deles. Bom, depois desse surto acabou sendo excluído do meio fantasmagórico, o que para ele foi um alívio, assim pelo menos não precisaria nunca mais ver outro fantasma, já que ele não conseguia ver a si próprio por ser assim meio transparente. Saiu pelo mundo, foi longe da civilização dos fantasmas e desde então nunca mais teve contato com fantasmas, nem com gente, nem com bichos, até que...

Bem, aqui inicio a história que estou tentando contar desde o comecinho, então vamos lá:

Um dia, sentado no pico de um monte muito alto, mas muito alto mesmo, Pentamofeus se cansou de ficar sentado. Por séculos estava sentado ali. Você deve achar que estou exagerando, mas não estou não, Pentamofeus ficou sentado no mesmo lugar por séculos - não se esqueça que o tempo não conta igual pra gente e pra fantasma - até que um dia, mais precisamente neste dia que estou contando, ele saiu voando até uma cidadezinha que ficava abaixo desta montanha. Coitado! Ficou por tanto tempo sentado ali, se escondendo dos fantasmas, que nem viu a cidadezinha se formar... Mas, Pentamofeus, sobrevoando a cidadezinha, viu lá de cima um menino que se escondia lá embaixo e resolveu averiguar o que estava acontecendo. Devagar foi se aproximando até que pode perceber tudinho. Aquele menino era o filho do açougueiro. Ao saber que o pai estava prestes a matar um boi - era isso que o açougueiro dessa cidadezinha fazia, matava bois, porcos, para depois vender sua carne - tratou logo de soltar o bicho e levá-lo pra bem longe, onde estivesse a salvo. O pai, ao descobrir o que o menino fez, pegou o facão e disse que lhe tiraria a pele, para que, o menino correu um tanto tão grande quanto a vontade que a gente tem de correr da mãe quando ela fica muito, mas muito brava com a gente, sabe? Pois então, o menino correu tanto que acabou gastando o calcanhar e quando Pentamofeus chegou naquele momento, o menino estava chorando e pensando como continuaria a correr do pai se o calcanhar estava gasto? Não deu outra, Pentamofeus, esquecendo-se do medo que, além de fantasmas agora, devido ao tempo que ficou exilado na montanha, sentia por gente também, se aproximou do garoto tentando ajudá-lo.

O menino, tão apavorado estava com sua situação que nem reparou que estava diante de um fantasma. Desatou a chorar e a contar tudo a Pentamofeus que, já comovido, teve uma idéia para ajudar o menino.

Como fantasma, Pentamofeus podia se transformar no que quisesse e, sendo assim, se transformou em um boi bem grande e gordo. É certo que pra boi estava assim um tanto pálido, já que fantasma não tem cor, mas fez o melhor que pode e o menino, mais que depressa e feliz por ter achado um amigo tão especial, tratou logo de levar “o boi” ao açougue para entregar ao pai.

Assim que seu pai lhe viu chegar com aquele boizão, muito bravo ainda, mas já com um risinho no canto da boca, sabe aquele risinho de “desculpo você”? Pois então, o homem já foi logo com o facão pro lado do Pentamofeus que, sem saber de onde vinha recebeu o grande golpe fatal e, o pior você não sabe, mas vou contar, o pior é que Pentamofeus morreu de novo e desta vez foi pra valer, pelo menos eu nunca mais tive notícias dele. Morreu bem morrido, tão morrido que nem fantasma o coitado conseguiu ser de novo, o que não foi assim tão mal, já que tinha tanto medo de fantasma, melhor mesmo ficar de morto, não é?

Quanto ao menino, claro, seu pai lhe desculpou e voltou às boas com ele, mas assim que cresceu, o menino herdou o açougue e o transformou em loja de produtos vegetarianos, casou-se com uma moça muito bonita, mas meio esquisita, pois, a moça era daquelas que dizia ver coisas como discos voadores, ETs, almas penadas, tanto que no dia do casamento, jurou ter estado no altar como padrinho um fantasma que, no final do casamento veio lhe cumprimentar, se apresentou com o nome de Pentamofeus e de repente, sem mais e sem menos, puft! Desapareceu como por encanto, mas é claro que ninguém acreditou nisso, afinal de contas, fantasmas não existem, não é?


*Aisha*

domingo, 25 de abril de 2010

A arte de viver - Aisha


Aqui, outra vez na vida que surge plena, constante, serena,

ser criança que busca o novo conhecer,

cantar os sonhos, viver os contos, sonhar de novo,

vestir meu corpo das loucuras do prazer,

ser a dona do jogo nesse imenso tabuleiro de xadrez.


Não sei por onde e nem ao menos o porquê,

não sei o que sou e nem o que deveria saber,

se sei o que sinto ou o que me faz viva outra vez

é sentimento intuitivo que me leva ao novo

onde sou eu sem nem ao menos pensar em ser.


Saio pelas curvas nas longas retas da vida,

tenho nas mãos as sementes que em flor germinarão um dia,

vejo então o amanhã surgindo nobre nas auroras que tingem meus céus,

renasço, saio do casulo onde de mim mesma fugia,

abraço o sol no calor do meu corpo que reluz em vestes de sabedoria.


Nesse imenso teatro, o espetáculo estréia vida em cada amanhecer,

nos personagens, lúdicos, loucos, descompassados, alucinados,

somos todos esperados por platéia nunca vista,

mas que guarda seus aplausos para todos os artistas

que fazem da vida, o show que a vida deve ser.


*Aisha*

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A coruja e a lua - Aisha




A coruja despertou,

cantou a beleza da lua

na noite clara que se formou.


O dia era passado,

passado também foi o seu amor,

pois, a lua se havia minguado

com medo de sentir dor.


Pobre lua...

Não sabe que a coruja

lhe segue fase por fase,

temendo que se esconda ou fuja

pelas esquinas que dobram ruas

nas movimentadas cidades...


Mas a lua segue em sua sina

rodando o mundo que roda também,

Ilumina a noite e a todos fascina

mas sua liberdade não dá a ninguém.


Chora a coruja em seu canto noturno,

pois, sabe que ama

o amor que não tem...

*Aisha*

domingo, 18 de abril de 2010

Francisco de Assis - Aisha


Pobre Francisco que da paz não desiste,

pede pelo mundo que do ódio vive,

vê, são muitos irmãos sem teto e sem pão,

que na vida não têm nada, nem mesmo ilusão...

Pede Francisco e que seu Senhor o escute,

fala pelas bocas esfomeadas de amor e justiça,

diga das dores dos que perderam seus filhos

nas mãos sem ideais que cultivam a cobiça.


Francisco do amor, irmão só, de fé, sonhador,

seca as faces que desenham esse mundo sem cor,

que seu Senhor seja a luz e também o autor

da nova realidade que dissipa as trevas livrando-nos da dor.


Oh! Mestre de Francisco, seja em mim também o Senhor,

mostre-me o amar, o doar, o perdoar consolador,

que eu seja o fruto do bendito ventre a parir o amor,

que se abram caminhos na nova luz que dita a aurora,


Que a fé não seja de fragmentos, mas se consolide em atos de paz,

que os corpos mutilados, vendidos à morte que gerou tanta dor

sejam hoje justificados em preitos da verdade e de valor,

transformando todo pranto em canto vivo de pleno amor.


Oh! Pobre Francisco que tanto acreditou,

pobre mundo que de sua irmandade se distanciou...

Roga Francisco pelos muitos pequeninos desse mundo perdido

do amor único e verdadeiro que sua boca um dia anunciou...

*Aisha*

O Cravo e a Rosa - Aisha


O cravo brigou com a rosa

debaixo de uma sacada,

fim de verso dispensando a prosa

da alegria tão sonhada.


A rosa ficou magoada

com o cravo que amava

e triste se recolheu

nas lágrimas que derramava.


Coitado do cravo ateu

não viu que o ciúme o cegava

e na tristeza se escondeu

do amor que muito o amava.


Mas nos versos do poeta

a tristeza não faz morada,

e nas rimas que o amor atesta

nova história é iniciada.


...


O cravo encontrou a rosa

debaixo de uma sacada,

novo verso cantando em prosa

a paixão na história recriada.


E desse encontro logo nasceu

a certeza que o amor guardava,

o cravo deixou de ser ateu

pois no amor agora acreditava.


O cravo casou com a rosa

debaixo de uma sacada

e felizes, em verso e prosa,

a vida ao amor era rimada.


*Aisha*


segunda-feira, 12 de abril de 2010

Brasil - Aisha


Brasil,

terra do verde e amarelo,

do novo e do velho,

terra do povo sem terra,

do que acredita e espera,

do sol amarelo que todo dia

amanhece em novas manhãs.


Brasil,

terra abençoada pelo Cristo Redentor,

sagrada e consagrada, terra da paz e do amor,

terra do futebol, do samba e da mulata,

terra do caboclo e da cachaça,

terra de um povo trabalhador.


Brasil,

terra que acorda na luta do povo de todo dia,

que diz não às misérias de uma gente sofrida,

que grita pela justiça quase sempre tardia,

que clama no azul de um céu em esplendor

ecoando os gritos de um povo já cansado da dor.


Brasil,

o queremos nosso outra vez,

verde, amarelo, azul e branco,

somos o povo edificando seu encanto,

somos índios, mestiços, negros, mulatos,

construímos suas bases com sangue sacrificado

jorrado do trabalho de nossas mãos

como jorrou da cruz de Nosso Senhor.


Brasil,

que saia sua história das mãos dos que o detém em poder,

volte às suas origens no corpo suado de cada trabalhador,

caiam seus muros da fome, desconsolo e dor,

sendo novamente o Brasil de um povo que ama

reveste agora seu povo com todo seu esplendor.


*Aisha*

domingo, 11 de abril de 2010

Você e eu - Aisha


Sei do amar o amor que amo

e amando construo meu viver;

do amor à vida, da vida ao amor...


E pelos seus dedos,

o toque suave desenhando as curvas

no corpo que febril aquece mais ainda

o desejo que explode em assunção.


Ah! Brisa que acalenta a pele nua...


Aquece e esquece as horas idas

pela madrugada que avisa

do dia que já vem,


esquece também do mundo que grita

e beija-me a boca calando a angustia

na despedida que me obriga


a dizer-lhe,


adeus...


*Aisha*

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Barquinho de papel - Aisha


No lago azul,

azul como o céu,

navega imponente

meu barquinho de papel.


Vai sem rumo ou direção,

enquanto o vento sopra

cumprindo sua missão,

vai meu barquinho contemplando

o azul tão lindo

que une o lago ao céu em comunhão...


Feito em papel de branco imaculado,

vai como herói valente, destemido,

enfrentando ondas, sem capitão ou soldado,

segue o barquinho, agora já todo molhado...


Pobre barquinho, já lhe falta um pedaço...

Mas mesmo desconhecendo o destino,

continua cumprindo seu mandato...


E vai navegando meu barquinho

desfazendo-se aos pouquinhos,

no lago de azul infinito de céu

que vai aos poucos sendo colorido

por pequeninos pedacinhos brancos

do meu barquinho de papel...


*Aisha*

Era uma vez um lobo... - Aisha


Desde que teve a barriga rasgada pelo caçador o lobo não tinha tido uma tarde tão agradável.

Sentados na varanda da casinha da vovó, lá estavam todos eles, Chapeuzinho, a vovó, o caçador e o lobo, jogando dominó e tomando uma deliciosa limonada para refrescar o verão.

Na verdade, tudo mudou – e muito – quando o caçador abriu a barriga do lobo para tirar avó e neta e decidiu por deixá-lo vivo. Esse ato mostrou ao lobo seu valor e esse, sentindo-se grato, mudou sua forma de viver tornando-se um lobo honesto. Passou então a defender o bosque e as criaturas que nele viviam até que um dia, a vovó o chamou para conversar.

Convencida da mudança do lobo convidou-o para ajudá-la nos afazeres da casa. Ofereceu-lhe um quartinho que tinha nos fundos da casa para alojar-se e comida, o que para o lobo foi a melhor das ofertas, visto a fome insaciável que tinha sempre e a delícia que era a comida da vovó. Em troca, cuidava do terreno da casa mantendo nele uma horta que ficava, dia a dia, mais e mais produtiva. No final do dia, com o trabalho já todo concluído, o lobo acompanhava a vovó até a varanda para deliciar os chás com biscoitinhos e bolos e a limonada que a vovó sempre fazia e esperar a Chapeuzinho e o caçador que sempre passavam por ali para conversar e contar as novidades do vilarejo.

O lobo descobriu o quanto é bom ter uma família. A vovó, Chapeuzinho, o caçador eram agora sua família e por nada na vida ele os abandonaria. Assim, nasceu um novo Lobo que da mesma forma como ganhou a chance de mudar de vida, também oferecia a todos muito amor. Vivia em nome do amor. Trabalhava para que o amor pudesse habitar os corações de cada ser vivo daquele bosque, afinal, queria que todos se sentissem tão feliz como ele se sentia.

E tudo ia bem na vida do nosso amigo, até que um belo dia, apareceu no pequeno vilarejo, ninguém sabe de onde ou como, um homem misterioso e com ares de poucos amigos. Esse homem, cheio de maldade era na verdade um caçador cruel que queria mesmo era matar o lobo. É claro que o lobo ficou sabendo, pois passou a ser querido por todas as criaturas do bosque e, tão logo souberam das intenções do caçador foram, uns correndo, outros voando, alertar o novo amigo do perigo que corria. O lobo acreditou nos amigos e também acreditou que poderia mudar os pensamentos do caçador cruel e, sem falar nada a ninguém foi ao encontro do ser que queria arrancar-lhe a pele na tentativa de explicar-lhe o quanto é bom ser bom, mas pobre lobo, nem teve tempo de abrir a boca – ou o focinho. Ao ver-lhe de longe, o caçador foi logo atirando e matou o lobo.

A tristeza se espalhou por todo o bosque e até hoje ainda se conta a história do Lobo mau que virou Lobo bom. Quanto ao caçador, bem, esse o curupira que passava por lá e viu a crueldade que fez com o lobo, tratou logo de dar um jeito. O infeliz está até hoje andando em círculos sem conseguir achar a saída do lugar.

Mas que fique para todos a grande lição que nosso amigo deixou, ou melhor, as duas grandes lições: Primeiro, que todos podem mudar, basta ter quem mostre outros caminhos e de a oportunidade. Segundo, o amor não dispensa a astúcia, nunca...

*Aisha*


sábado, 3 de abril de 2010

O Castelo Assombrado - Aisha


Num final de semana, os pais de Gabriel e Isabela resolveram fazer um passeio diferente.

Fizeram as malas, pegaram os filhos, o cachorro Dudu e ganharam estrada sem destino certo em busca de aventura.

Depois de ter rodado o dia todo e já cansados, desanimados e arrependidos por saírem sem um planejamento, avistaram no alto de uma colina, um enorme castelo só um pouquinho iluminado.

Não tiveram dúvidas! Todos concordaram em buscar abrigo e pouso naquele lugar, afinal, a fome e o cansaço era tanto que até Dudu concordou latindo e abanando o rabo.

Estava uma noite muito fria e chuvosa e chegar até a porta do imenso castelo não foi nada fácil, pois o pequeno caminho que levava da estrada até o topo da colina estava escorregadio pela lama e coberto de mato. Mal conseguiam se enxergar devido a escuridão da noite, o que salvou foi Dudu e seu faro, que apurado como era, os levou rapidamente até o que pensavam ser o local de um descanso seguro.

Parados em pé diante da enorme porta, puxaram uma corda que deduziram ser a campainha e eis que um estridente grito foi ouvido fazendo eco por todo o vale.

Dudu que era tão valente, com o susto que levou foi parar debaixo da saia da Isabela enquanto Gabriel ficou ali, parado e durinho de medo. Diante disso tudo a porta se abriu rangendo como se não fosse aberta há muito tempo e apareceu um velho muito magro, alto e tão branco que quase se via através dele, seu nome era Adamastor e os recebeu como o mordomo do castelo.

Muito educado, Adamastor convidou a família para entrar e ouvindo a história de que estavam perdidos, molhados, cansados e famintos, os hospedou com muita gentileza e nobreza convidando-os para passar a noite ali.

Gabriel e Isabela preferiram dormir no mesmo quarto. A cama era enorme, tudo ali era enorme... Eles começaram a brincar de tudo quanto era jeito, afinal aquele quarto era maior que o quintal da casa deles.

Brincaram, brincaram e já exaustos, deitaram na cama e olhando pro teto começaram a contar as teias de aranha que eram muitas e assim começou a disputa de quem contava o maior número de teias, até que de repente, a maçaneta da porta começou a girar.

Eles se levantaram rapidamente e sem fazer barulho se esconderam dentro do armário.

A porta se abriu e por ela entrou um esqueleto com cara de caveira horrível. Os dois mal podiam acreditar no que estavam vendo e Dudu que estava com eles escondidinho dentro do armário, arregalou os olhos e até babou ao ver tantos ossos juntos e num só pulo, lá estava o cão com um dos ossos do esqueleto na boca. Do buraco da boca da caveira saiu um grito e pasmem, ele começou a chorar lágrimas de pó.

Gabriel e Isabela saíram de dentro do armário ainda com um misto de medo, perplexidade e sem entender nada, pois, o tal estava sentado na cama sem o osso da canela – esse estava na boca do Dudu – e com cara de desilusão.

Isabela foi logo devolvendo o osso que tomou do cachorro e pedindo desculpas. Depois de encaixá-la no lugar, a caveira se apresentou como Rebeca, a dona do lugar e lhes contou que há muitos séculos não tinha ninguém para conversar, exceto Adamastor, o zumbi que além de mordomo era seu único amigo.

Ouvindo toda a história de Rebeca, Isabela e Gabriel resolveram reunir todos para uma reunião de emergência, afinal o assunto era de extrema urgência.

Sentaram-se ao redor da grande mesa da biblioteca e as crianças, primeiro explicaram aos pais o acontecido. Como todo bom adulto, eles não acreditaram na história dos filhos e já estavam para começar a bronca quando Rebeca e Adamastor entraram no recinto.

Depois que voltaram do desmaio e do susto e já a par da situação, os pais das crianças, também penalizados com tamanha tristeza que aquela solidão de Rebeca e Adamastor representava, resolveram encontrar uma solução para o problema. Foi então que surgiu a grande idéia.

Todo o castelo passou por uma bela reforma e faxina.

Já estava todo iluminado e decorado para a grande festa de Hallowenn que estava quase para acontecer e que prometia ser a maior e mais bela festa de toda região, afinal, aquele castelo era objeto de grande curiosidade de todos porque nunca ninguém tinha visto ou ouvido falar de alguém que morasse ali e também era foco de histórias que o povo inventava de assombrações.

Gabriel, Isabela, seus pais, Adamastor, Rebeca e até mesmo Dudu mandaram convites para toda cidade e capital, todos que haviam recebido o convite confirmaram presença.

Os convidados foram chegando, todos fantasiados com o tema da festa. Eram pessoas fantasiadas de bruxas, fadas, vampiros, caveiras, mas ninguém tão bem caracterizado quanto Adamastor e Rebeca que acabaram fazendo amizade com todos os convidados, o que foi a alegria maior não só deles como também das crianças e seus pais que criaram essa festa com esse mesmo objetivo.

Aquela noite ficou gravada na memória e no coração de todos e até hoje Gabriel, Isabela e Dudu passam férias no “Castelo Assombrado” que depois da festa foi transformado em um acampamento de férias, assim, Rebeca e Adamastor nunca mais se sentiram sozinhos.

*Aisha*